O Governo Federal anunciou a criação do Gás do Povo, nova política pública que substituirá o Auxílio Gás dos Brasileiros. O programa tem como objetivo ampliar e fortalecer o acesso ao gás de cozinha no país, garantindo gratuidade no botijão de GLP para 15,5 milhões de famílias de baixa renda, o que deve beneficiar cerca de 50 milhões de pessoas.
A iniciativa busca diminuir o impacto do preço do gás de cozinha no orçamento familiar, assegurando mais justiça social, saúde e dignidade às famílias em situação de vulnerabilidade, especialmente inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com renda per capita mensal de até meio salário-mínimo. Terão prioridade aquelas que já recebem o Bolsa Família.
Por que o programa foi criado?
O Gás do Povo surgiu como evolução do Auxílio Gás, que atualmente contempla cerca de 5,13 milhões de famílias. O novo modelo triplicará o alcance, passando a atender 15,5 milhões de lares.
A principal mudança é que o benefício, que antes era pago em dinheiro, agora será concedido diretamente em forma de gratuidade na retirada do botijão de gás nas revendas credenciadas. Segundo o governo, isso garante maior efetividade da política e reduz o risco de desvio da finalidade do benefício.
Outro ponto destacado é o impacto social: aproximadamente 90% dos lares beneficiados têm mulheres como chefes de família, o que reforça a importância do programa no enfrentamento da pobreza energética e na proteção da saúde de quem está mais exposto à poluição causada pelo uso de lenha, carvão e querosene para cozinhar.

Os desafios enfrentados pelas famílias
Para milhões de brasileiros, cozinhar ainda é um desafio devido ao alto custo do botijão de GLP e à dificuldade de acesso em regiões mais distantes. Isso leva muitas famílias a recorrerem a alternativas inseguras, como lenha e carvão, que provocam doenças respiratórias, riscos de queimaduras e comprometem o tempo de estudo e de trabalho dos membros da família.
Objetivos centrais do programa
O Gás do Povo é considerado pelo governo um passo para a chamada cidadania energética e tem três eixos principais:
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Acesso digno e facilitado: derrubar barreiras financeiras e logísticas, garantindo gratuidade do GLP para famílias vulneráveis.
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Proteção da saúde: reduzir a exposição de mulheres e crianças à poluição e aos acidentes domésticos.
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Equidade no consumo: adaptar a quantidade de botijões ao tamanho da família.
Quando começa?
A previsão é que os primeiros botijões sejam entregues já em novembro de 2025, em caráter de transição. A implementação completa deve ocorrer até março de 2026, quando o programa alcançará todas as famílias cadastradas.
Quem terá direito?
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Famílias inscritas no CadÚnico, com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759);
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Prioridade para beneficiários do Bolsa Família (renda per capita de até R$ 218).
O programa será acumulável com outros auxílios sociais.
Regras e cadastros
Para ter acesso ao benefício, é necessário manter os dados atualizados no CadÚnico e em outras bases do governo, como Receita Federal e Justiça Eleitoral. Inconsistências cadastrais podem levar à exclusão automática do programa. Além disso, o CPF do responsável familiar precisa estar regularizado.
Como será a retirada do botijão?
O beneficiário deverá se dirigir a uma revenda credenciada e terá quatro formas de validação, ainda em fase final de definição:
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Aplicativo (vale digital);
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Cartão específico do programa;
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QR Code via Cartão do Bolsa Família ou agências da Caixa;
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Uso direto do Cartão do Bolsa Família.
Não haverá pagamento em dinheiro: o desconto será concedido eletronicamente no ato da retirada. Caso o beneficiário opte por receber o botijão em casa, o frete será pago à parte.
Quantidade de botijões por família
A distribuição será proporcional ao tamanho da família:
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2 integrantes: até 3 botijões por ano;
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3 integrantes: até 4 botijões por ano;
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4 ou mais integrantes: até 6 botijões por ano.
Essa divisão busca respeitar o consumo real dos lares, além de garantir maior justiça no atendimento.
Impacto esperado
Segundo o governo, o programa deve distribuir 65 milhões de botijões por ano, com expectativa de 58 milhões já em 2026. Além do alívio financeiro, a substituição da lenha pelo gás deve reduzir o tempo gasto na coleta de madeira (em média 18 horas por semana), liberar crianças para frequentar a escola e diminuir riscos à saúde e ao meio ambiente.
O Gás do Povo será coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e representa, segundo o governo, um avanço significativo na política de proteção social brasileira, assegurando acesso digno e seguro a um insumo essencial.