O excesso de aguapés no Rio Tietê tem causado prejuízos significativos para o turismo, a pesca e a navegação na região de Barra Bonita, no interior de São Paulo. A proliferação descontrolada dessas plantas aquáticas tem dificultado a passagem de embarcações, colocando barcos em risco e afetando produtores de peixes locais.

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As dificuldades enfrentadas pelos navegantes vão além da redução do fluxo turístico. Diversas embarcações já ficaram à deriva e algumas quase naufragaram devido ao acúmulo de aguapés. "Se a embarcação tenta cruzar uma região com muitos aguapés, eles podem ser aspirados pelo motor, enroscar no eixo ou no hélice, causando avarias e deixando o barco sem controle", explicou Renato Luis Kodel, capitão de fragata da Marinha.

A pesca também tem sido diretamente impactada. O pescador José Luiz Faria relatou que sua renda caiu cerca de 40% nas últimas semanas. "Pega muita sujeira no anzol e, dependendo do lugar, nem dá para sair com o barco. Tem dia que fecha tudo de aguapés, parece um campo de futebol", lamentou.
Os produtores de peixes também sofrem com a proliferação das plantas, que cobrem os tanques e reduzem os níveis de oxigênio na água. Para evitar grandes perdas, muitos têm sido obrigados a remover os aguapés pelo menos duas vezes por semana.
Pesquisadores e ambientalistas alertam para os impactos ambientais desse crescimento descontrolado. De acordo com Malu Ribeiro, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica, as recentes ondas de calor têm agravado a situação. "A ausência de sombras causa um aumento drástico da temperatura da água. O rio já está cheio de nutrientes, vindos de esgoto tratado e não tratado, além de fertilizantes agrícolas. Com o aquecimento, esses fatores aceleram a proliferação das plantas aquáticas", destacou.
Diante do problema, um grupo de trabalho formado por empresários, ONGs e pesquisadores está estudando soluções para conter a proliferação dos aguapés e minimizar os impactos ambientais e econômicos na região.