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Fomepizol, antídoto contra intoxicação por metanol, deve chegar ao Brasil ainda nesta semana
Por Moisés Moura
Publicado em 09/10/2025 14:29
BRASIL

O fomepizol, medicamento utilizado como antídoto em casos de intoxicação por metanol, deve chegar ao Brasil ainda nesta semana. A informação foi confirmada por Fabiana Sanches, diretora de Assuntos Médicos da Daiichi Sankyo Brasil, farmacêutica japonesa responsável por fornecer o produto ao país.

Segundo Sanches, o fomepizol será importado dos Estados Unidos em caráter emergencial e distribuído exclusivamente pelo Ministério da Saúde. O medicamento não será vendido em farmácias, pois é de uso estritamente hospitalar, administrado de forma injetável e sob supervisão médica.

“A expectativa é que o medicamento esteja no Brasil ainda esta semana, mas não conseguimos precisar a data, porque tudo ocorreu de maneira muito célere durante o fim de semana”, afirmou Sanches em entrevista à TV Globo.

A negociação foi conduzida entre a Daiichi Sankyo, o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a empresa, 2.500 ampolas do antídoto estão sendo enviadas dos Estados Unidos, além de 100 ampolas doadas pela própria farmacêutica.

Uso hospitalar exclusivo

A diretora reforçou que o fomepizol não ficará disponível ao público em farmácias, sendo restrito a hospitais de referência no tratamento de intoxicações graves.

“Mesmo vindo para o Brasil, ele não vai ficar disponível em farmácias. É um medicamento de uso estritamente hospitalar, administrado na veia e sob supervisão médica”, explicou.

Essa limitação, segundo ela, segue o padrão internacional, já que o antídoto também não é vendido livremente em outros países.

Como o antídoto age

O metanol é uma substância altamente tóxica usada em solventes e produtos industriais. Quando ingerido, é metabolizado pelo fígado, transformando-se em compostos como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar cegueira, danos neurológicos, falência de órgãos e até morte.

O fomepizol age bloqueando a enzima álcool desidrogenase, impedindo a conversão do metanol nessas substâncias tóxicas. Assim, o corpo consegue eliminar o metanol de forma segura pelos rins.

“O fomepizol tem uma ligação mais potente com a enzima, competindo de forma mais eficaz do que o etanol, que hoje é usado como alternativa temporária em hospitais”, destacou Sanches.

Protocolo de tratamento

O tratamento deve começar assim que houver suspeita de intoxicação, sem necessidade de confirmação laboratorial. Ele inclui uma dose inicial (de ataque), seguida por doses menores a cada 12 horas, totalizando quatro aplicações principais. A melhora costuma ocorrer em até 48 horas, podendo ser associada à diálise em casos graves.

Situação no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o país já registrou 17 casos confirmados de intoxicação por metanol, entre 217 notificações relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas. O estado de São Paulo concentra a maioria dos registros, com 15 confirmações e 164 casos sob investigação.

A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas principais linhas de investigação: o uso do metanol na higienização de garrafas reaproveitadas e a utilização da substância para aumentar o volume de bebidas falsificadas.

Perícias da Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmaram a presença de metanol em bebidas apreendidas em duas distribuidoras do estado.

 

Alerta: Em caso de suspeita de ingestão de bebida adulterada, procure atendimento médico imediatamente. Os sintomas podem demorar até 48 horas para aparecer, e a automedicação é perigosa, podendo agravar o quadro.

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