O recente episódio envolvendo a Santa Casa de Misericórdia São Vicente de Paulo, em São Manuel, levanta uma série de questionamentos sobre a gestão do hospital e seu compromisso real com os profissionais e com a população. Em uma nota divulgada na quarta-feira (13), a instituição destacou investimentos de R$ 936 mil em equipamentos e modernização do parque tecnológico. Entretanto, o que deveria ser prioridade – o pagamento dos salários atrasados – ficou em segundo plano, empurrado com a barriga, deixando famílias inteiras em situação de incerteza e constrangimento.

A Prefeitura, por sua vez, rebateu rapidamente a nota, afirmando que os atrasos decorrem de falhas internas da instituição e que o repasse de recursos só pôde ser feito mediante contrato assinado. Mas a pergunta que fica é: por que uma gestão tão ultrapassada e sem planejamento consegue, há anos, brincar com a paciência do cidadão trabalhador? Até quando os funcionários terão que esperar para receber o que lhes é de direito enquanto se fazem anúncios de “investimentos” que não eram urgentes?

Outro ponto que chama atenção é o atraso no envio do plano de trabalho, documento essencial para a formalização dos repasses. Um documento que deveria ser entregue dentro do prazo, mas que precisou de quatro retrabalhos, gerando atraso nos salários e na rotina do hospital. Estranhamente, a nota emitida pelo hospital, redigida por integrantes de um grupo político já derrotado em São Manuel, parece mais uma tentativa de manipular a percepção pública do que um esclarecimento transparente. Qual seria a intenção de divulgar um comunicado mentiroso e vergonhoso nesse momento?

Quem não se lembra da mentira contada sobre a maternidade, que supostamente estaria passando por uma detetização? O hospital, na maior cara de pau, mentiu para gestantes e suas famílias, tentando justificar problemas que, na verdade, tinham origem em uma crise financeira que poderia ter sido explicada. Mas, ao que tudo indica, havia interesse em manter a crise “escondida” durante a gestão anterior, e só permitir que ela viesse à tona após a posse do novo prefeito. Parece que, em certos setores da Santa Casa, o caos é torcido a favor para culpar a administração municipal.

Enquanto isso, a população assiste a um jogo de empurra-empurra entre a Santa Casa e a Prefeitura, sem respostas claras e com uma gestão que insiste em colocar a prioridade em obras e equipamentos, em vez de valorizar quem veste a camisa do hospital e mantém o atendimento funcionando. É necessário refletir: até quando o cidadão terá que tolerar essa falta de planejamento, esse descaso com trabalhadores e a aparência de seriedade que nunca se concretiza na prática?

A verdade é que uma gestão velha, ultrapassada e que prioriza interesses políticos em vez de necessidades humanas já não cola mais. A população de São Manuel merece clareza, responsabilidade e compromisso real com a saúde. Chegou a hora de exigir que a Santa Casa se organize, pague seus funcionários em dia e trate o cidadão com o respeito que ele merece.