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Brasil sai novamente do Mapa da Fome, segundo relatório da ONU
Por Moisés Moura
Publicado em 29/07/2025 14:21
BRASIL

O Brasil voltou a sair do Mapa da Fome, conforme relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com os dados mais recentes da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), menos de 2,5% da população brasileira está em risco de subalimentação — o que caracteriza a saída do país da lista.

A subalimentação ocorre quando uma pessoa consome, de forma habitual, menos calorias do que o necessário para manter uma vida ativa e saudável. O dado faz parte do relatório global “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025”, que utiliza a média de informações entre os anos de 2022 e 2024.

O anúncio foi feito durante evento oficial da 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizado em Adis Abeba, capital da Etiópia. O Brasil já havia deixado o Mapa da Fome em 2014, mas retornou ao grupo de países em situação crítica entre 2018 e 2020, quando a ONU apontou aumento da insegurança alimentar no país.

Fome x Insegurança Alimentar

Apesar do avanço, o Brasil ainda enfrenta sérios desafios relacionados à alimentação. Estima-se que 35 milhões de brasileiros vivam em situação de insegurança alimentar, termo que define a dificuldade de acesso regular e suficiente a alimentos de qualidade. Em níveis graves, essa condição pode levar pessoas a passarem um ou mais dias inteiros sem se alimentar.

A ONU esclarece que estar fora do Mapa da Fome não significa erradicação da fome, mas sim que a parcela da população em situação de desnutrição crônica está abaixo do limite considerado crítico (2,5%).

Contradições de um país que produz e exporta alimentos

Especialistas ressaltam o paradoxo brasileiro: mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o país ainda convive com bolsões de fome. As causas apontadas variam:

  • Distribuição desigual de renda: o desemprego caiu nos últimos anos, mas os preços dos alimentos seguem em alta, impactando famílias de baixa renda.

  • Foco na exportação: alguns especialistas acreditam que o modelo de produção agrícola prioriza o mercado externo, em detrimento do abastecimento interno.

  • Modelo produtivo em debate: há também quem defenda que a agropecuária brasileira consegue atender simultaneamente ao mercado interno e às exportações, e que o problema da fome está mais ligado ao acesso econômico do que à produção em si.

A saída do Brasil do Mapa da Fome é vista como um avanço importante, mas especialistas alertam que os esforços devem continuar para garantir que todos os brasileiros tenham acesso digno e regular à alimentação adequada.

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