Mais um episódio de violência envolvendo estudantes foi registrado na saída da Escola Estadual Francisco de Oliveira Faraco, localizada na Cohab I, em São Manuel. Um vídeo obtido pela reportagem mostra três alunas se agredindo fisicamente com puxões de cabelo em frente à entrada principal da unidade, enquanto dezenas de alunos assistem e incentivam a briga com gritos.
Segundo relatos de alunos e fontes internas da escola, a confusão teria começado no domingo, após um passeio entre as envolvidas. A disputa, alimentada por desentendimentos anteriores, culminou em um suposto “acerto de contas” combinado para acontecer no horário da saída das aulas.

Profissionais da unidade afirmam que casos assim têm se tornado cada vez mais frequentes. Embora a escola já tenha adotado medidas como a instalação de câmeras de segurança em salas e corredores, o acionamento da Guarda Civil Municipal (GCM) e o envolvimento do Conselho Tutelar, os episódios de violência continuam. "É como enxugar gelo", desabafou uma funcionária, que preferiu não se identificar.
A reportagem optou por não divulgar as imagens, por conterem cenas de violência que envolvem menores de idade. No entanto, o caso acende um alerta para uma reflexão urgente: até onde vai a responsabilidade da escola, da direção e do poder público? E qual é o papel das famílias na formação ética e emocional dos adolescentes?
Um psicólogo ouvido pela reportagem foi enfático: os pais devem ser responsabilizados por comportamentos violentos dos filhos dentro da escola. “A ausência dos responsáveis no cotidiano escolar contribui diretamente para o agravamento da indisciplina, da evasão e até de doenças como ansiedade, depressão e uso precoce de drogas”, destacou o profissional. Ele aponta ainda que, em escolas onde a participação dos pais em reuniões é baixa, há maior incidência de conflitos e baixo desempenho escolar.

Segundo dados da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, mais de 3 milhões de faltas escolares por mês são registradas na rede estadual de ensino, sendo boa parte atribuída ao desinteresse causado por ambientes escolares hostis e pela falta de apoio familiar. Em muitos casos, os adolescentes que se envolvem em brigas ou são vítimas de bullying acabam abandonando os estudos ou desenvolvendo transtornos psicológicos.
Para combater esse cenário, o Estado de São Paulo conta com programas como o Sistema de Proteção Escolar, campanhas de conscientização como "Chega de Bullying: Não Fique Calado", além da presença de professores mediadores capacitados a lidar com conflitos. Também há uma lei estadual que obriga as escolas a implementar ações concretas contra o bullying, com apoio psicológico e pedagógico.
Apesar dos esforços, professores relatam que a violência nas escolas ainda é uma realidade alarmante. Nesta mesma semana, um caso de agressão entre estudantes de outra escola estadual em São Manuel chegou a ser registrado na delegacia local.
A conclusão dos especialistas é clara: a escola sozinha não consegue resolver os problemas de comportamento e violência dos estudantes. É preciso uma união entre escola, poder público, famílias e sociedade para transformar a realidade da educação e garantir um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento dos jovens.