Com a morte do papa Francisco e seu sepultamento realizado neste sábado (26), a Igreja Católica iniciou oficialmente o período de nove dias de luto tradicional. Por regra, o Conclave — reunião para escolha do novo pontífice — não pode começar antes do fim desse período, o que empurra o início da votação para, no mínimo, o dia 5 de maio.
Contudo, uma norma editada em 2013 pelo papa Bento XVI permite certa flexibilidade. Se todos os cardeais eleitores já estiverem no Vaticano, a eleição pode ser antecipada. Da mesma forma, pode haver adiamento em caso de “motivos graves”.
Atualmente, o Colégio dos Cardeais, responsável por organizar o Conclave e discutir assuntos urgentes da Igreja, é formado por 252 membros, incluindo oito brasileiros. Entretanto, apenas 135 têm menos de 80 anos e, portanto, estão aptos a votar — número que já sofreu baixas, com a ausência anunciada de dois cardeais: o espanhol Antonio Cañizares Llovera e o bósnio Vinko Puljic.
O cardeal Pietro Parolin foi escolhido para presidir a missa de domingo (27), segundo dia do luto, e, após a celebração, os cardeais devem visitar o túmulo de Francisco na Basílica de Santa Maria Maggiore. A próxima reunião do Colégio de Cardeais está marcada para segunda-feira (28).
Como funciona o Conclave?
Durante o Conclave, os cardeais eleitores ficarão reclusos dentro do Vaticano, principalmente na Capela Sistina, e jurarão segredo absoluto sobre todo o processo. Para ser eleito papa, um cardeal precisa de dois terços dos votos — ou seja, pelo menos 89 votos, considerando os 133 eleitores previstos.
As votações podem acontecer até quatro vezes por dia. Se após três dias não houver definição, o processo é pausado por 24 horas para oração. Novas pausas são previstas se a escolha se prolongar, e, se mesmo após 34 votações não houver consenso, haverá um "segundo turno" entre os dois mais votados — ainda exigindo os dois terços para vitória.
Apesar da tradição recente apontar para votações rápidas — como as eleições de Francisco em 2013 e Bento XVI em 2005, ambas concluídas em dois dias — a história registra Conclaves que duraram meses, e até anos.
A expectativa da imprensa é que o processo ocorra entre 21 de abril e 11 de maio, mas não há confirmação oficial de datas. O Vaticano prorrogou até 31 de maio as credenciais de jornalistas que acompanham o evento.