Um trabalhador senegalês foi morto por um policial militar na tarde desta sexta-feira (11), no bairro do Brás, região central de São Paulo (SP). A vítima, identificada como Ngange Mbaye, era imigrante e atuava como vendedor ambulante. Ele chegou a ser socorrido e levado de ambulância até a Santa Casa de Misericórdia, mas não resistiu ao ferimento.
Imagens divulgadas pelo SBT mostram que ao menos oito policiais abordaram Mbaye de forma agressiva durante uma tentativa de apreensão de mercadorias. O ambulante tentou proteger seus produtos e foi agredido com cassetetes por vários agentes. Ele reagiu com uma barra de ferro e tentou fugir, sendo alvejado por um dos policiais.
Após o ocorrido, ambulantes e populares realizaram uma manifestação espontânea no local, que foi violentamente reprimida com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. A Tropa de Choque foi acionada para dispersar o protesto.
Uma nova manifestação está marcada para este sábado (12), às 9h, na Rua Rangel Pestana, 2060, no Brás. A mobilização foi confirmada pela atriz e ativista Mariama Bah, que esteve no local e conversou com testemunhas. Segundo relatos, Mbaye ficou muito tempo no chão antes de ser socorrido, e outras pessoas também ficaram feridas com os disparos da polícia.
A vereadora Luana Alves (PSOL-SP) compareceu ao local e registrou em vídeo o momento em que foi atingida por bombas. Ela criticou a atuação da Polícia Militar sob o governo de Tarcísio de Freitas e anunciou a proposta de uma CPI para investigar a violência contra ambulantes, artesãos e artistas de rua na capital paulista.
“A gente está cansado de ver a polícia militar do Tarcísio indo pra cima de quem é trabalhador. Isso é fruto da negligência e da falta de políticas públicas de regularização dos ambulantes. Isso aqui, infelizmente, é uma tragédia anunciada”, declarou a vereadora.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou, em nota, que o agente responsável pelo disparo foi afastado das atividades operacionais e que um inquérito foi instaurado. A ocorrência foi registrada como morte decorrente de intervenção policial e tentativa de homicídio, e será investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Ainda segundo a SSP, a barra de ferro utilizada por Mbaye foi apreendida, assim como a arma do policial. Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band, um oficial que se identificou como capitão Anderson declarou que o agente envolvido estava “trabalhando na folga”, de forma voluntária.
