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"Em São Manuel, o poste não mija no cachorro… ele defeca!"
Por Moisés Moura
Publicado em 23/07/2025 10:19
São Manuel

O povo antigo dizia com a sabedoria de quem observa a vida com ironia:
“Em São Manuel, o poste não mija no cachorro… ele defeca.”
E quem acompanha a gestão pública da cidade sabe que o ditado nunca fez tanto sentido.

Durante a gestão da administração passada, foi realizada uma licitação para substituir os tradicionais bancos de granilite rosa — fortes, duráveis e parte da identidade das praças — por novos bancos de madeira, sob o pretexto de uma tal “revitalização”.

Resultado?
Um verdadeiro retrocesso vendido como progresso.

Tanto o Parque Linear quanto outras praças de São Manuel receberam os novos bancos de madeira. Mas quem passa por lá percebe o óbvio: os bancos servem para tudo, menos para sentar.

A madeira usada é de qualidade duvidosa, cheia de nós, frágil, e muitos bancos já apresentam rachaduras, empenamentos e quebras. E isso sem vandalismo — basta o uso do dia a dia.
É o tipo de banco que mais parece obra de enfeite mal feita: bonito na licitação, vergonhoso na prática.

E se isso já soa revoltante, tem mais.

Os antigos bancos de granilite, muitos deles com gravuras de famílias tradicionais ou comércios históricos da cidade, foram descartados como se fossem entulho.
Ali havia memória. Havia identidade. Havia respeito.
Mas a administração passada preferiu apagar tudo — como se revitalizar fosse sinônimo de destruir o que tem valor.

Foi então que uma família, inconformada com a retirada do banco com o nome de seus antepassados, denunciou à imprensa o descaso com o patrimônio público e a má qualidade dos novos bancos.

A resposta?

Foram processados.
A empresa responsável pelos bancos de madeira entrou com ação judicial contra a munícipe, pedindo R$ 10 mil por calúnia e difamação.
Sim. Além de perder o banco que fazia parte da história da sua família, agora ela pode ser punida por ter tido coragem de reclamar.

O poste defeca no cachorro. E o cachorro ainda tem que agradecer.

E você, morador, vai continuar calado?

Quem fiscalizou essa obra?
Quem aceitou esse serviço mal feito?
Por que o cidadão que denuncia o erro é processado, enquanto quem entrega material de baixa qualidade permanece impune?

O sistema se blinda.
Quem fala, apanha.
Quem se cala, paga.
E quem administra... lava as mãos.

Hoje foram os bancos que não servem para sentar.
Amanhã, pode ser a escola que não serve para ensinar.
Ou o posto que não serve para cuidar.
Ou a cidade que não serve para ouvir sua própria gente.

E no fim das contas — literalmente — quem paga é você.

Você pagou pelos bancos.
Está pagando pelo silêncio.
E se reclamar… pode acabar pagando ainda mais.

Pague. Fique calado. E nunca reclame.

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