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Mistério e Justiça: O Assassinato de “Ratazana” Ainda Ecoa nas Ruas de São Manuel
Por Moisés Moura
Publicado em 10/06/2025 21:07
São Manuel

 

Por TV São Manuel Conectado | Reportagem Investigativa | São Manuel – SP

Um radialista popular. Um desaparecimento silencioso. Um corpo encontrado. E a pergunta que não cala: quem matou Luiz Carlos, o “Ratazana”?


Luiz Carlos, mais conhecido pelo apelido que carregava com orgulho — “Ratazana” —, não era apenas uma voz no rádio. Era, para muitos, um amigo, um conselheiro e um dos últimos representantes do jornalismo de proximidade. Falava com o povo, para o povo — sobre os buracos nas ruas, a falta de remédios, a dona Maria e o seu José.

Mas esse elo com a comunidade foi tragicamente rompido em março de 2024. Após semanas de angústia, o corpo de Ratazana foi encontrado sem vida. Desde então, a cidade de São Manuel vive um luto que ainda não teve resposta.

No próximo dia 30 de junho de 2025, o caso finalmente chegará à audiência de instrução, debates e julgamento. No entanto, o sentimento predominante é de impunidade, angústia e desconfiança.


Uma figura querida, um fim cruel

Ratazana era irreverente, acessível, e dono de uma comunicação direta com a população. Sua popularidade se estendia por bairros inteiros — um reflexo de sua simplicidade e de sua coragem em dar voz a quem muitas vezes era ignorado.

No dia 8 de março de 2024, ele desapareceu. Dias depois, seu carro — um Honda Fit cinza, placas FBA4E16 — foi localizado no Distrito Industrial de São Manuel, conduzido por três adolescentes. A abordagem da Polícia Militar, inicialmente por porte de drogas, revelou algo muito mais grave: a conexão com um possível homicídio.


Contradições e provas que clamam por justiça

Os depoimentos dos adolescentes são repletos de contradições. Em um primeiro momento, afirmaram que o veículo pertencia ao pai de um deles. Depois, alegaram ter feito uma troca por uma motocicleta em Barra Bonita — sem recibo, sem testemunhas, sem coerência.

Laudos periciais obtidos com exclusividade pela reportagem indicam que vestígios de sangue foram encontrados em uma bermuda localizada no porta-malas do carro. O mais alarmante: os exames de DNA identificaram duas amostras distintas — uma masculina, e outra possivelmente feminina.

A presença desse segundo perfil genético levanta novas perguntas:
Quem era essa segunda pessoa?
Uma vítima silenciosa? Uma cúmplice?


O drama de uma filha: Vanessa Madoglio

Entre as testemunhas que prestarão depoimento na audiência está Vanessa Madoglio, filha de Ratazana e enfermeira. Ela enfrentará, pela primeira vez, os adolescentes envolvidos no caso. Em entrevista concedida logo após o crime, Vanessa afirmou que o pai confiava demais nas pessoas — talvez, até em quem não devia.

Agora, sua voz é uma das mais importantes na busca por justiça. Vanessa conhece a rotina do pai, suas amizades, seus temores. O seu testemunho pode ser decisivo para esclarecer pontos-chave da investigação.


Um crime sem condenação

Até hoje, nenhum dos envolvidos está preso. Os adolescentes foram liberados e seguem suas vidas normalmente, enquanto o inquérito parece travado em meio a burocracias e à falta de provas conclusivas.

Fontes revelam que um dos jovens frequentava a casa de Ratazana e mantinha relação próxima com ele. Isso reforça a hipótese de traição, ou de um crime motivado por dinheiro, vingança ou até pelo conhecimento de algo perigoso demais.


Justiça à prova

A audiência do dia 30 de junho não será apenas mais um procedimento judicial. Representa uma prova de fogo para o sistema judiciário local. Caberá à 2ª Vara do Fórum da Comarca de São Manuel, sob a condução da juíza Érica Regina Figueiredo, dar respostas concretas a uma cidade em luto.

Enquanto isso, os corredores do comércio, os bancos da praça e os grupos de WhatsApp seguem fervendo com especulações:
Um ex-policial envolvido?
Um amante traído?
Um crime acidental que alguém tentou encobrir?

A verdade, até agora, permanece encoberta.


Um símbolo de abandono

Luiz Carlos, o Ratazana, não era político, empresário ou dono de posses. Era apenas um comunicador. Mas seu assassinato tornou-se símbolo do quanto a justiça falha quando a vítima é alguém simples.

De tragédia pessoal, o caso se transformou em trauma coletivo. E o jornalismo sério tem a obrigação de continuar perguntando:

Quem matou Ratazana?
Por que ele morreu?
E por que os culpados ainda não foram responsabilizados?

Se você, leitor, tiver qualquer informação que possa colaborar com as investigações, entre em contato com o Ministério Público ou com a Polícia Civil de São Manuel. O anonimato será garantido.


Porque justiça não é vingança.

Justiça é respeito à memória. Justiça é reparação. Justiça é paz.

 

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