O comediante Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão em regime fechado pela Justiça Federal, por proferir discursos considerados preconceituosos contra diversos grupos minoritários durante um show de stand-up divulgado em vídeo no YouTube. Além da pena de prisão, Lins deverá pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A defesa do humorista ainda pode recorrer da sentença.
A decisão foi tomada pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, após denúncia do Ministério Público Federal (MPF). Segundo a sentença, o vídeo intitulado “Perturbador”, publicado em 2022, continha piadas ofensivas direcionadas a negros, obesos, idosos, soropositivos, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência.
Para o Judiciário, a repercussão e o alcance do material, aliado ao número de grupos atingidos, aumentaram a gravidade da infração. A juíza responsável afirmou que, mesmo ocorrendo em um “contexto de diversão ou recreação”, o conteúdo fomenta a intolerância e a violência verbal. “A liberdade de expressão não é pretexto para o proferimento de comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios”, diz trecho da sentença.
O vídeo foi removido do YouTube por ordem judicial em 2023, após acumular mais de 3 milhões de visualizações. Na ocasião, Léo Lins afirmou que a Justiça estaria “igualando uma expressão artística a um ato criminoso”.
A condenação dividiu opiniões nas redes sociais. Humoristas como Fábio Porchat e Antônio Tabet saíram em defesa de Lins. “Isso aqui é uma vergonha! Inaceitável!”, escreveu Porchat. Já Tabet declarou: “Piadas são só piadas. Não cabe à Justiça — e nem a ninguém — aprovar ou censurar piadas alheias.”
Até o momento, a equipe de Léo Lins não respondeu aos contatos da imprensa.